quarta-feira, 16 de julho de 2014

A INCLUSÃO DO PEDRINHO NA EMEF ARACY BARRETO SACCHIS.


 
 
A INCLUSÃO DO PEDRINHO NA EMEF ARACY BARRETO SACCHIS.
                                                                              Lisete Maria Massulini Pigatto[1]
                                                                              Lucia Carrion[2]
                                                                               Nara Ferreira[3]
 
                    No Brasil, os pressupostos filosóficos da Politica de Educação Inclusiva compreendem a escola como uma organização voltada para todos. Uma instituição que tem competência para reconhecer os direitos e deveres, respeitar e valorizar a diversidade humana neste paradigma inclusivo que impulsiona as pessoas a viver e a conviver numa nova concepção de ensinar e aprender sem qualquer restrição.
      Na Cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil se desenvolve uma experiência educacional ousada e inovadora na EMEF Aracy Barreto Sacchis no intuito de favorecer a aprendizagem, eliminar barreiras, a discriminação, oportunizar uma vida mais saudável e feliz a todos os alunos envolvidos no processo inclusivo. O trabalho vem sendo realizado em abdocência, num consórcio entre Gestores, Professores, Educadora Especial e demais para melhorar a qualidade na educação.
       O trabalho surge a partir da realidade encontrada na escola que tem índice no IDEB de 2011- 6.4, um crescimento de 31% e evasão escolar zero. Porem há infrequência dos alunos no AEE – Atendimento Educacional Especializado no turno inverso, a negação da deficiência por parte destes alunos e muita pobreza devido há falta de informações e conhecimentos para exercitar a cidadania.
       Neste contexto se começa a pensar a inclusão escolar e social de forma diferenciada, porque os alunos do AEE não podem permanecer na instituição sem um acompanhamento e o devido acesso ao saber fundamental para a sua formação.  A partir desta proposta se desenvolve na escola este trabalho que tem como objetivo favorecer o desenvolvimento da socialização, da aprendizagem e da cidadania de forma alternativa e interativa, numa dinâmica alegre, lúdica, recreativa e sistematizada para que possam aprender a viver e a conviver de forma saudável.
        Organiza-se a partir do calendário da escola por meio de um planejamento anual organizado pela Professora da sala de aula, pelo Projeto das Especializadas que conta com aulas de Artes, Educação Física, Informática, Inglês; pelo Projeto Recreação e Cidadania, desenvolvido pela Educadora Especial, o qual é mediado pelas ações e atividades educativas para que alcancem os objetivos.
        A dinâmica alegre e divertida das propostas favorece o aprender brincando, porque se acredita que ao impactar ações de mediação, instiga-se o aluno a aprender. A exercitar a cidadania, fundamentada no Princípio da Dignidade Humana, artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal e o Princípio da Isonomia conforme o artigo 5º da Constituição Federal para obter uma educação de qualidade.
         Em caráter complementar a Educação Especial faz parte da proposta pedagógica da escola, favorece o atendimento aos alunos do AEE com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento ou transtorno do expecto autista e altas habilidades/superdotação. Atua também de forma articulada com o ensino comum nos casos de alunos com transtornos funcionais específicos orientando-os.
           Neste sentido a proposta desenvolve-se de acordo com a Política Nacional de Educação Especial e os Parâmetros Curriculares Nacionais onde os temas transversais circulam pela estrutura dos conteúdos curriculares. No intuito de que os alunos desenvolvam as habilidades necessárias para participar no sistema democrático com autonomia, possam aprender a ter as coisas e ser mais feliz.                                     O relato da experiência educativa demonstra o processo de inclusão escolar e social do aluno Pedrinho de 10 anos, incluso na turma 31, no 3º ano do Ensino Fundamental da Professora Terezinha na EMEF Aracy Barreto Sacchis.
         Justifica-se o estudo e a sua divulgação por ser um processo de inclusão escolar e social inovador que apresenta resultados significativos. O AEE consta no Projeto Politico Pedagógico da escola e se torna uma peça fundamental no desenvolvimento não apenas dos especiais, mas de todos os alunos. Fundamenta-se no Decreto Lei 7611/2011, o qual prevê um atendimento complementar e suplementar ao aluno do AEE no sistema público de ensino.
          O Decreto Lei 7611/2011, no seu artigo 2º prevê que a [...] “Educação Especial deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.” No 1º § compreende o serviço do Atendimento Educacional Especializado como um conjunto atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos a serem organizados institucional e continuamente prestados das seguintes formas: I – Complementar a formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais ou  II – Suplementar a formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação.
        Razões estas de ordem legal, teórica e pratica tornando viável há realização desta experiência pedagógica. A originalidade do tema e a sua atualidade no contexto social indicam a sua importância e servem como uma sugestão as escolas que estão implementando a inclusão escolar e social dos alunos no AEE.
        O Estudo de Caso do aluno Pedrinho apresenta uma evolução significativa, merece ser conhecido e divulgado pelos avanços que vem apresentando na escola e na comunidade. Neste sentido se questiona:
       - A evolução do aluno se deve ao contexto educacional diversificado?          
        Acredita-se que sim pois trata-se de um modelo bem sucedido capaz de trazer valiosas contribuições ao debate científico e nos processos educacionais inclusivos. A proposta contempla várias áreas e se destaca devido a sua importância social, econômica e politica. Sendo capaz de desenvolver recursos didáticos e pedagógicos e de eliminar as barreiras no processo de ensino aprendizagem para que os alunos consigam viver e conviver com a diversidade de forma saudável.

1.    A Fundamentação Legal Inclusiva

 
        A Declaração de Salamanca (1994) no intuito de favorecer a inclusão aponta as escolas regulares com orientação inclusiva como os meios mais eficazes para combater atitudes discriminatórias e que alunos com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular com o princípio orientador de que [...] “as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras” (BRASIL, 2006, p.330). Para que tivessem a oportunidade de conviver juntas.
        A Constituição Federal de 1988 traz no seu bojo um dos objetivos fundamentais [...] “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º, inciso IV). Define, no artigo 205 a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a [...] “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e aponta como dever do Estado o atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208). Para que estas crianças tenham educação.
       O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei nº 8.069/90, no artigo 55, reforça os dispositivos legais supracitados ao determinar que [...] “os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. A Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994) passam a influenciar as políticas públicas da educação inclusiva.
      O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, aponta à construção de escolas inclusivas que garantam atendimento à diversidade humana. Ao estabelecer objetivos e metas aos sistemas de ensino aponta um déficit referente à oferta de matrículas aos alunos com deficiência no ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física e atendimento educacional especializado. Aprimorando a proposta com a Politica de Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva na Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007.
        

2.    Descrição da Experiência: O Caso Pedrinho

         
                    Pedrinho é filho de Joao e Maria, mora com a mãe, o padrasto, a vó e uma irmã filha do segundo casamento. Nasceu de cesariana porque já tinha passado do tempo e havia tomado a agua da placenta. Quando tinha 18 meses seu avô materno faleceu e assim começou a falar sozinho. Frequenta a psicóloga desde os três anos em função do contexto: o pai foi preso por tráfico de drogas e a mãe teve que pedir uma medida protetiva devido à aproximação deste com o filho.
         O aluno veio transferido da Escola Municipal Oscar Grau no inicio de maio de 2012 para o 1º ano com suspeita de autismo. Agitado, não conseguia ficar na sala de aula e ao ser contrariado batia nos colegas, na professora e nos funcionários. Gradativamente vem melhorando o seu desempenho escolar, porem apresenta um comportamento agressivo que seguidamente volta a se manifestar.
          Atualmente frequenta o 3º ano do ensino fundamental e apresenta um bom potencial para aprender mesmo com déficit intelectual. Na área cognitiva manifesta dificuldades na fala e na compreensão, na atenção e concentração para realizar as atividades propostas. Encontra-se na fase da garatuja, escreve quando tem vontade em forma de riscos e rabisco, não reconhece letras e números. O vocabulário é restrito a linguagem confusa, fala rápido conosco e com tranquilidade com o seu amigo imaginário. Quando se acalma conseguimos entende-lo melhor.
          Na área afetiva relaciona-se bem com os colegas e as professoras, sorri quando elogiado porem não gosta de ser contrariado. Não consegue lidar com a frustração e o tempo emocional é restrito. Geralmente após o recreio fica agitado e agressivo, demonstra cansaço, grita, recusa-se a ficar na sala de aula, chuta o que estiver na frente, derruba o material, sente dores na cabeça e pede para ir embora. 
          O seu desenvolvimento motor é normal, participa como ajudante da professora com entusiasmo e rapidez. O seu crescimento se evidencia na parte social, nas aulas de educação física já consegue compreender e participar das atividades lúdicas dirigidas. Percebe o universo da sala de aula, tem noção de que não pode sair a toda hora e que deve prestar atenção quando alguém está falando.
          Adora participar das atividades realizadas com o Projeto Recreação e Cidadania, principalmente quando diz respeito às apresentações do Teatro Musical. Participa como o Palhaço Pirulito, um personagem que criou e desenvolve na sala de apoio. Adora o palco, sente necessidade de ser visto, nas apresentações tem o desempenho de uma criança considerada normal, isso faz bem a sua autoestima.
          Apresenta uma deficiência intelectual evidente, tem como diagnóstico CID 10 F.90.0. Hiperatividade, impulsividade, com um comportamento alterado e calmaria. Faz uso diário de meio comprimido de Respiridona e Ritalina.  Atualmente está bem pelo trabalho desenvolvido na escola com o Projeto das Especializadas e o Projeto Recreação e Cidadania que se desenvolve semanalmente na sala de aula com todos os alunos e na sala de apoio de forma individual ou em pequenos grupos.
      Na coleta de informações sobre a evolução do aluno se constatou que:
      Para a Professora Terezinha, Pedrinho é um aluno quieto, costuma ficar na classe brincando com jogos. Quando incomodado se irrita, chora e pede para ir para casa. Recusa-se a recortar, pintar, desenhar, mas participa da contagem de estórias e nas apresentações na aula, na Feira do Livro e no Mobrec normalmente.
      Na opinião da Professora Lucia, Pedrinho participa das aulas de Educação artística de forma alegre e criativa. Interage com os colegas dinamicamente, tem se mostrado envolvido e interessado agindo normalmente.
      Segundo a Professora Roseane o Pedrinho é um aluno que participa das aulas de Educação Física com entusiasmo, vontade e atenção. Há três anos que o acompanha e percebe que o seu crescimento principal se dá na parte motora. Realiza as atividades e possui uma coordenação motora ampla e fina excelente. Tem noção de tempo e espaço, agilidade, equilíbrio e ritmo. Compreende bem as regras, sabe esperar a sua vez para realizar as atividades quando necessário.
   Na opinião do Monitor William o aluno costuma ser muito carinhoso com os colegas e professores. Muito organizado e criativo depois de brincar adora arrumar a sala de aula. Inicialmente sua preferencia era por brinquedos simples, agora se voltam aos específicos, aos didáticos como quebra-cabeça de frutas fracionado.               
      As manifestações da Diretora Nara são de alegria e de dever cumprido. Quando Pedrinho chegou à escola tinha dificuldade no relacionamento. Apresentava um comportamento explosivo e não controlava suas emoções: agredia os colegas, deitava na classe, engatinhava, jogava o material fora, reagia de forma agressiva ao ouvir o não. Para entender os combinados, os limites do certo e errado foi muito difícil. Apesar da dificuldade na comunicação oral e por não estar alfabetizado gosta muito de cantar e participar com os colegas. Já respeita as regras na sala de aula, contribui com um ambiente calmo, respeita os colegas e demonstra muita alegria.   

 

       Considerações Finais

 

        Na opinião dos educadores percebe-se que a experiência na escola com o palco foi muito significativa à sua evolução. O desenvolvimento das atividades realizadas pelos professores foi fundamental neste processo como as que envolvem a força física a ginastica e a dança. Torcedor do Brasil costuma reproduzir nas brincadeiras o que vivencia com satisfação. O aluno já consegue sorrir, feliz demonstra emoções e sentimentos nas suas atitudes com os colegas e professores.

         Na sala de apoio viaja pelo mapa do Brasil, sonha e reproduz o que enxerga: faz churrasco, joga bola vira o palhaço pirulito e comanda o circo. Transforma-se em mecânico, motorista, cobrador de ônibus, pedreiro e outros profissionais sempre lidando com dinheiro. Manifesta uma boa liderança, se faz entender pela fala e na maioria das vezes por meio de gestos. Tem alguns amigos imaginários com quem brinca e está conquistando a cidadania com autonomia.

       Constata-se que a evolução do aluno se deve a todo este contexto educacional diversificado organizado e vivenciado na escola com a Educação Fiscal e a Educação para o Transito conforme anexo. A partir das dinâmicas desenvolvidas conseguiu melhorar a comunicação e o comportamento pois estas contemplam os interesses, as potencialidades e suas necessidades. Diariamente estimula-se a socialização, motiva-se a aprendizagem e se oportuniza o exercício da cidadania com autonomia. Na escola estamos muito felizes porque conseguimos de forma conjunta instigar a sua inclusão na escola e na sociedade de forma saudável. 

       

 

           Referencias

 

 

CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988.  Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm  Acesso 21/06/2014.

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm  Acesso 21/06/2014.

DECRETO-LEI 7611/2011 EDUCAÇÃO ESPECIAL – AEE. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7611.htm  Acesso 15/06/2014.

PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO Disponível em:  http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=16478&Itemid=110 Acesso 21/06/2014.

POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf    Acesso 20/06/2014.

 

 



[1] Lisete Maria Massulini Pigatto - Educadora Especial – Projeto Recreação e Cidadania.
[2] Lucia Carrion - Artes; Roseane S. Mendonça – Educação Física;Aline D. Cavalheiro – Informática; Angela C. Vasconcellos – Inglês – Projeto das Especializadas.
[3] Nara Ferreira – Diretora da Escola.
http://www.aee2010.ufc.br/aee/cursos/aplic/index.php?cod_curso=198

sábado, 28 de junho de 2014

DIFERENTES ?

             Diferentes?
                              Lisete Maria Massulini Pigatto

O texto “Modelo dos Modelos”, de Italo Calvino instiga a refletir sobre as diferenças no contexto social que envolve os alunos especiais. Inicialmente o autor relata que na vida do senhor Palomar o mais importante era construir um modelo perfeito, lógico, geométrico e possível, depois verificar se o modelo era capaz de se adapta aos casos práticos observáveis na experiência e posteriormente adaptá-lo para que coincidisse com a realidade.
            Gradativamente os modelos do senhor Palomar foram se modificando, agora não desejava mais um modelo perfeito, mas uma grande variedade de tipos. Os modelos deveriam ser transparentes, diáfanos, sutis, versáteis capazes de dissolver-se e renovar-se, capazes de interagir com as diversas realidades sociais tanto no tempo como no espaço.
                 Associando o texto com o AEE – Atendimento Educacional Especializado percebe-se que passamos por este mesmo processo, inicialmente se pensava que o modelo inclusivo era destinado apenas aos alunos com necessidades educacionais especiais e contemporaneamente o modelo social inclusivo trata-se da nova ordem social, para todos. 
    Neste sentido o trabalho no AEE deve respeitar a diversidade de seres humanos que precisam aprender a viver e a conviver juntos nestes modelos sociais. Nesta perspectiva a educação também deve adaptar-se a esta nova realidade, fazer com que as pessoas respeitem o outro para que a mente permaneça aberta ao aprender e ao fazer, de modo que se exclua o preconceito e se inclua o ser humano no contexto com a sua mais bela essência.
      A educação voltada ao AEE tem a capacidade de oferecer aos alunos acima de tudo esperança, muitas possibilidades e alternativas diferenciadas para que consigam com autonomia o aprender a ser feliz. Flavio Marques em sua palestra motivacional afirma que as pessoas não aprendem devido ao preconceito e que não obtêm sucesso pelo medo de viver.
       Brincando faz com que as pessoas percebam a importância das mãos e dos dedos. Diz: olhem para a mão e descubram a força do polegar que simboliza a identidade; o indicador que nos mostra o caminho; o dedo médio que é o responsável pela comunicação; o anelar que nos instiga a fazer alianças e o mínimo que nos mostra a força da persistência.

       Concluindo percebe-se que na inclusão precisamos de vários métodos para inspirar o nosso trabalho e da soma das diferenças para seguir um caminho seguro. 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Atividades com Autistas

Atividades para serem realizadas com Autistas (TEA)

Atividades com símbolos


A comunicação alternativa nas atividades com autistas tem demonstrado resultados significativos.   Para isso utiliza-se cartões de comunicação ou pranchas que utilizam um sistemas de símbolos gráficos. Trata-se de uma coleção de imagens que procuram responder a diferentes exigências ou necessidades dos usuários.
Existem diferentes sistemas simbólicos: PCS, Blissymbols, Rebus, PIC e Picsyms.



 

 
 

 
 
 O PCS - Picture Communication Symbols criado em 1980 pela fonoaudióloga estadunidense Roxanna Mayer Johnson é um dos sistemas simbolicos mais utilizados no mundo . No Brasil o PCS foi traduzido como Símbolos de Comunicação Pictórica e possui como características: desenhos simples e claros, fácil reconhecimento, adequados a usuários de qualquer idade, combináveis com figuras e fotos para a criação de recursos de comunicação individualizados. Úteis na criação de atividades educacionais. O sistema de símbolos PCS disponível no Brasil: software Boardmaker.
 


 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

SURDO CEGUEIRA X DEFICIENCIA MULTIPLA


SURDO CEGUEIRA X DEFICIENCIA MULTIPLA

 

                                                    Lisete Maria Massulini Pigatto[1]

 

                    A inclusão do aluno com surdo cegueira e deficiência múltipla deve ser bem organizada para obter sucesso. Neste informativo se diferencia a surdo cegueira e a Deficiência Múltipla. Relacionando-se algumas características básicas e semelhanças nas estratégias de ensino, destacando suas necessidades básicas e recursos a ser utilizados na turma com colegas.

                    A surdo cegueira é uma condição humana que manifesta outras dificuldades além da cegueira e da surdez. Mc Innes (1999) considera a surdo cegueira uma deficiência única e as divide em quatro categorias: indivíduos cegos que se tornaram surdos; indivíduos surdos e se tornaram cegos; indivíduos que se tornaram surdo cegos; indivíduos que não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem conceitos para poder construir e compreender o mundo.

                    Estas pessoas podem ter outras deficiências associadas como físicas e intelectuais. Segundo Mc Innes (1999) as pessoas com surdo cegueira tem dificuldade para observar, compreender e imitar o comportamento das pessoas envolvidas devido as perdas visuais e auditivas. Para isso sugere a técnicas onde se coloca a mão sobre a mão da pessoa, deste modo a mão do professor deve ser colocada a cima ou embaixo da mão do aluno para poder orientar os seus movimentos e estabelecer uma comunicação mais condizente.

                    Utilizando esta técnica a defesa tátil pode ser feita na areia, de modo que a pessoa utilize a audição e a visão residual. Porque a perda parcial ou total dos sentidos de distancia faz com que a informação do meio venha entrecortada e sem nexo, tornando-a cada vez mais insegura. Assim torna-se imprescindível um mediador para trazer informações de maneira coerente.

       Para Bosco, Mesquita e Maia (2010) sem os sistemas de comunicação o avanço no desenvolvimento torna-se lento pois para a pessoa surdo cega falta recurso de comunicação para responder bem ao ambiente.      Neste sentido o ambiente deve ser planejado e organizado para que consiga interagir com as pessoas e os objetos. Durante o processo de comunicação o mediador tem a função de antecipar o que, para que e como vai ser realizada aquela atividade, estimulando, motivando e criando oportunidades para que consiga explorar o ambiente, confirmando de alguma maneira suas atitudes.

                    A redução dos estímulos resulta em hábitos substitutivos e inapropriados de auto-estimulação pela pessoa com surdo cegueira como: movimento continuo, balanceio, mexer os dedos na frente dos olhos, olhar fixo para fontes de luz ou uma repetição ritualística. Portanto, sem uma comunicação efetiva na infância tornar-se um adulto com comportamentos inadequados na comunicação como o habito de empurrar ou retirar a mão.

                   Considera-se uma pessoa com deficiência múltipla aquela que tem mais de uma deficiência associada. De acordo com o MEC/SEESP, 2002 trata-se de uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos que são afetados no funcionamento individual e no relacionamento social.  As suas características pessoais desafiam profissionais e a escola ao elaborar situações de aprendizagem que favoreçam a inclusão escolar social do aluno.

                    Estes alunos apresentam características especificas e peculiares com necessidades únicas. Para isso se faz necessário dar atenção à comunicação e o posicionamento. Sendo assim, as interações de comunicação e as atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e a dignidade. Isso se refere às pessoas que possam mediar o seu contato com o meio. O mediador deverá ampliar o conhecimento do mundo ao redor desta pessoa proporcionando autonomia e independência. Para Bosco, Mesquita e Maia (2010) qualquer tentativa de comunicação pode ser um comportamento.

                     Considera-se o corpo parte da realidade humana, portanto favorecer o desenvolvimento do esquema corporal torna-se primordial. A boa adequação postural torna-se indispensável à comunicação. Portanto colocar o aluno sentado numa cadeira de rodas ou deitado para que se comunique é imprescindível. Uma condição que facilita a percepção dos movimentos.

                     Ações que o ajudam a perceber o mundo exterior quando se busca a verticalidade e o ajudam a desenvolver [...] “o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização dos seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular.” (BOSCO, MESQUITA, MAIA, 2010 P. 11).

                      Conclui-se que pessoas com surdo cegueira e deficiência múltipla devem aprender a usar as mãos, evitando as estereotipias motoras, para que desenvolvam um sistema estruturado de comunicação. As dificuldades fono-articulatórias, motoras ou neurológicas resultam em prejuízo no processo de simbolização das experiências vivenciais. Sendo assim, cabe à escola e aos profissionais oferecer recursos que favoreçam a aquisição da linguagem estruturada, seja verbal ou estrutural relacionada ao ambiente para ser feliz.

           Sendo assim, o professor deve organizar o Plano do AEE favorecendo a inclusão escolar e social. Para estimular a aquisição da linguagem, o reconhecimento do ambiente, motivando-o a aprender, favorecendo as interações sociais. Este fica prejudicado quando as informações sensoriais e organização do esquema corporal deixam a desejar.

 

Referencias

 

BOSCO, Ismênia C. M. G. .;A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: surdocegueira e deficiência múltipla/ Ismênia C.M. G. Bosco; Sandra R. S. H. Mesquita; Shirley R. Maia. – Brasília: MEC, Secretaria da Educação Especial; (Fortaleza): Universidade Federal do Ceará, 2010 v. 5. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar).  

      


[1] Lisete Maria Massulini Pigatto é Drª em Ciências da Educação. Atua como Educadora Especial no Sistema Estadual e Municipal de Ensino na Cidade de Santa Maria, RS, Brasil. Onde desenvolve projetos que visam a inclusão escolar e social dos alunos de forma saudável.
Acadêmica de Direito na FADISMA – Faculdade de Direito de Santa Maria.http://www.aee2010.ufc.br/aee/cursos/aplic/index.php?cod_curso=198

domingo, 23 de março de 2014

UMA NOVA PERSPECTIVA NA EDUCAÇÃO GLOBALIZADA


UMA NOVA PERSPECTIVA NA EDUCAÇÃO GLOBALIZADA

                                                              Lisete Maria Massulini Pigatto[1]

 

 

                    Contemporaneamente o mundo transforma-se e requer mudanças no comportamento das pessoas. Para isso no Brasil e no mundo organizam-se novas propostas políticas educacionais e socioeconômicas no intuito de superar a visão fragmentada do homem e da sociedade valorizando a cultura.

           Jose Manuel Fernandes, em nome da Comunidade Europeia aponta estratégias para 2020. Alerta que há inúmeros desafios comuns a vencer no planeta: a globalização, os recursos escassos, as alterações climáticas, o envelhecimento da população, a gestão da migração e a questão da energia. Para vencê-los lançaram as Estratégias Europa 2020, com isso pretende alcançar um crescimento inteligente com investigação inovação, um crescimento sustentável do ponto de vista econômico, ambiental e inclusivo com igualdade de oportunidades. Para alcançar os objetivos estabeleceram cinco metas: o emprego; a investigação, o desenvolvimento e inovação; as alterações climáticas e energia; a educação combate a pobreza e a exclusão social; melhoria na competitividade, promoção emprego e inclusão social.

           Um modelo de gestão que serve para inspirar os países e os blocos. Neste contexto educar volta-se a diversidade e vem atuando numa ordem inclusiva, instigando a participação de todos num processo livre e democrático de cidadania pró-ativa. No intuito de melhorar esta globalização perversa, a educação enfrenta desafios nos campos tecnológico e social. Para isso precisa qualificar professores inovadores capazes de ensinar a aprender.

        Nesta perspectiva vem realizando MOOCs no espaço ibero-americano e mundial via RedDOLAC – Red del Docentes de America Latina y del Caribe, coordenado por Henry Chero V. No inicio do ano de 2014 tivemos a oportunidade de participar do Curso de Métodos y herramientas básicas para Enseñaren la escuela del futuro - MOOC, coordenado pelo Professor Àntonio Reis, Doutor em Ciências da Educação de Portugal. Um evento que contemplou professores do espaço ibero-americano e arredores com saber e tecnologia no intuito de ajudar a humanizar as pessoas neste contexto.

 

 

        O curso aberto foi realizado em linea na web e ofereceu aos docentes do mundo inteiro a oportunidade de ampliar conhecimentos e exercitar a sua co-produção. Nas aulas e nos foros virtuais tivemos a oportunidade debater a importância da comunicação na aprendizagem.

         Participar e organizar reuniões no Doodle, aprender a lidar com Hangout, Skipe, conversor de fusos horários pois moramos em países diferentes e os trabalhos eram em grupo. Inicialmente não foi fácil, mas conseguimos, aprendemos a compartilhar trabalhos no Dropbox e Google Drive. Realizamos diversas viagens virtuais, onde conhecemos as maravilhas e particularidades dos países como o Peru, a Argentina e a Índia.

         Estudamos a evolução do ensino e das tecnologias no ensino presencial e a distancia na perspectiva da escola do futuro até chegar ao novo Modelo ID – Instrucional Design. Comparamos a educação nos diversos países como Ariño primaria y secundaria en Aragón, España; a escola da Corea do Sul; o sistema educativo Finlandés considerado o melhor do mundo. A escola japonesa, a educação socialista em Cuba e a prática efetiva de Portugal.

        Através do Adobe Connect se participou das tutorias, nos debates semanais que abordaram o comunicar, a evolução e o compartilhamento pela tecnologia: o aprender a ensinar, divulgar, ensinar a aprender e a competência que devem ter os professores para lidar com esta perspectiva global. Neste contexto aprender a ensinar requer acesso às novas tecnologias, as metodologias pedagogias, didáticas, ao saber fazer e como as implementar.

        Para conhecer melhor as nossas culturas construímos um Padlet, uma Pizarra colaborativa em grupos com integrantes dos mais diversos países. Uma ousadia inédita e muito divertida realizada pelas alunas Lucía Pineda de Díaz de El Salvador, Lucía Díaz Góngora do México e Lisete Maria Massulini Pigatto do Brasil. Disponível em: http://es.padlet.com/wall/xq6cfm7dnz

        Na web dialogamos sobre aprendizagem colaborativa e como se pensa o ensinar a aprender, seja no ensino presencial ou virtual. Temas de responsabilidade dos professores que devem ser capazes de desenvolver novas habilidades e competências para trabalhar neste processo, o modo de como ensinar a aprender com seus alunos neste contexto no século XXI.

       Neste sentido, o novo modelo social inclusivo requer professores com outro perfil, um profissional ousado, capaz de inovar, de correr riscos, de desenvolver metodologias novas formas de ensinar a aprender e participar de ambientes educacionais colaborativos. Uma pessoa capaz de conscientizar seus alunos sobre o novo mundo, que requer trabalho, dedicação, um aprender constante e concomitante para que se alcance uma vida com qualidade.

 

        Para alcançar estes objetivos o professor precisa ser capaz de sensibilizar os alunos sobre a importância do condutismo e do construtivismo. De modo que estes aprendam a pensar e a transformar a memória de curto prazo em memória permanente para poder ter e ser mais humano nesta aldeia globalizada como previa McLuham (1969) nas novas formas de tribalização. 

        Neste sentido percebe-se que o mundo não é fragmentado e requer uma aprendizagem inovadora, multimodal e permanente de todos os cidadãos. Atualmente aborda-se o conhecimento de forma diferente com acessibilidade. Deste modo às pessoas devem aprender a resolver problemas, a viver e a conviver de forma humanitária. Consequentemente a escola deve acompanhar esta evolução, trabalhar com qualidade e eficácia favorecendo a inclusão.

                     O artigo tem como objetivo analisar a formação dos professores para este mundo globalizado e questiona: - Estamos preparados para ensinar a aprender na escola do futuro? Justifica-se o tema pela necessidade que se tem na busca do perfil adequado a educação do novo modelo social inclusivo que vem se organizando neste mundo contemporâneo que precisa humanizar-se.

        A partir desta experiência no MOOC percebe-se que encontramos um caminho seguro, uma nova forma de aprender. Percebe-se que os problemas educacionais nos países são semelhantes e que necessitam [...] “el desarrollo de politicas, programas y experiências inclusivas que garanticen el derecho de todos los alunos a uma educacíon de calidade junto com sus compañeros de edades similares.” (MARCHESI e GARRIDO, 2014 p. 5) Um enfoque que contempla múltiplas iniciativas e que tem como objetivo oferecer uma educação justa e equitativa a todos que são impossibilitados e tem dificuldade para aprender, que não tem acesso ao conhecimento, a vida digna.

                   Contemporaneamente se aposta numa cidadania multicultural e inclusiva que necessita de impulso do sistema educativo. Na intenção de que o ensino nas escolas atenda as diferenças. Neste novo paradigma a escola inclusiva aposta na participação, prima pelo [...] “respeto mutuo, el apoyo a los que tienen más dificultades de aprendizaje, la sensibilidade y el reconocimento de los grupos minoritários, la confianza y las altas expectativas ante las possibilidades futuras de todos los alunos.” (MARCHESI e GARRIDO, 2014 p. 5) Atua na perspectiva de que todos trabalhem para a educação de qualidade.

                      Educar para a diversidade requer desenvolver escolas inclusivas. Frente à discriminação e a exclusão criar oportunidades consiste no maior desafio do novo modelo social inclusivo de modo que as instituições e a sociedade consigam se organizar para resolver os problemas de forma saudável. Superar estas barreiras requer [...] “promover câmbios substantivos, tanto em el àmbito de las políticas como em la cultura, organización y práticas de las escuelas, com el fin de garantizar el acceso, la permanência, la participación y el aprendizaje de todos los estudiantes.” (BLANCO Y HERNANDEZ, 2014, p.9)   Para que participem em igualdade de condições.

1.    A globalização na formação dos professores.

 

 

 

        O artigo desenvolve as ideias voltadas a formação dos professores na perspectiva da educação inclusiva, porque na realidade de alguma forma sempre estamos excluídos e necessitamos de novas oportunidades educativas, seja presencial ou virtual. Confrontando-as com as exigências do sistema educativo, as dinâmicas sociais e tecnológicas. Destaca-se a importância dos MOOCs na formação dos professores inclusivos, no mundo capitalista que necessita de humanização e compaixão em todas as áreas e setores sociais.

      Antigamente a educação era um privilégio dos mais abastados. Atualmente a inclusão ou a educação inclusiva volta-se para todos aqueles que de uma maneira ou outra se encontram excluídos do sistema. Os índios, quilombolas, afrodescendenstes [...] “com discapacidad o com necessidades educativas especiales, o a quienes vivem em contextos de pobreza, aunque progressivamente se está adoptando um enfoque más amplio” (BLANCO, 2014, p. 12) De modo que se contemple a todos, superando as diferenças pelo acesso equitativo a uma educação de qualidade sem discriminações.

       A UNESCO (2005) entende a educação inclusiva como um processo orientado para atender a diversidade com ênfase naqueles que estão excluídos ou em risco de ser marginalizados. Incrementa a sua participação na cultura, no currículo e nas comunidades no intuito de minimizar a exclusão. Para superar estas barreiras e o preconceito se faz necessário dar um salto [...] “desde la inclusion em la escuela a la inclusion em la aprendizaje para lograr la democratizacíon em el acesso al conocimento, fator chave para la construccion de sociedades más justas y democráticas. (BLANCO, 2014, p. 16)

         Atualmente a Educação Especial, na perspectiva inclusiva atua como serviço complementar no AEE - Atendimento Educacional Especializado na escola ou na classe comum. Pelas suas ações e atividades educativas oferecem possibilidades e oportunidades de inclusão as pessoas com deficiência. Porem, nas turmas há uma diversidade de alunos oriundos de povos afrodescendentes, migrantes, alunos com déficit de atenção, evadidos e marcados pela pobreza. Neste sentido a escola se organiza, planeja e procura atendê-los de acordo com suas necessidades e potencialidades.

       Nesta perspectiva constatam as autoras Rosa Blanco y Laura Hernandez (2014) que educar em e para a diversidade favorece o conhecer e o conviver com as pessoas descapacitadas, de modo que estas em conjunto com os outros possam vivenciar situações e modos de vida distintos. Neste sentido, compromete as pessoas a desenvolver valores de cooperação e solidariedade para que todas as pessoas possam construir sua identidade e ser feliz.

2.         A Escola a Comunidade e a Cidadania.

 

 

       Os Quatro Pilares da Educação um tesouro a descobrir relatados por Jacques de D’Elors (1998) caracterizam-se como os princípios educacionais fundamentais: aprender a conhecer, a fazer, a viver e a ser. Aponta o aprender a conhecer como fundamento essencial ao compreender, conhecer para descobrir que atua como motivador na buscar pelo saber. Sendo assim os processos de aprendizagens requerem que se oportunizem aprender a aprender outros saberes, uma tarefa que engloba toda a existência terrena.

       Pensando na diversidade dos alunos que temos na escola é que se organiza um trabalho diferenciado no Colégio Estadual Coronel Pilar e na EMEF Aracy Barreto Sacchis, disponível em: https://www.facebook.com/groups/552299361472110/ acesso 15/03/2014. A experiência mostra um caminho que favorece a inclusão escolar e social.

                  Neste sentido busca-se uma fundamentação teórica mais segura utilizando o condutismo e o construtivismo num processo para ensinar a aprender. Na visão de António Reis (2014) para aprender de forma eficaz necessita-se do condutismo e do construtivismo. No condutismo o aluno deve parar de pensar enquanto escuta, interessando-se mais pelos aprender a aprender. Ao revisar o construtivismo se percebe que este se preocupou inicialmente com reglas y moldear; somente depois com o enseñar y entrenar, o saber saber e o saber fazer e atualmente interessa-se pelo guiar y apoyar, no modo de como se consolidam as informações e o conhecimento.

       Contemporaneamente estamos em busca de um novo modelo educacional que realmente instigue o como ensinar a aprender, para que as pessoas possam viver e conviver melhor neste novo paradigma globalizado. Percebe-se que o novo modelo social tem como princípios a inclusão, o trabalho e a propriedade privada. Uma proposta democrática que requer respeito participação e exercício de cidadania para que consigam incluir-se.

       Para que o processo inclusivo seja bem sucedido deve considerar o tempo e os espaços sociais as normas e as leis, as particularidades e a cultura de cada sociedade. Em nosso país, as leis e as normas são fundamentais para garantir direitos e deveres, o exercício da cidadania de todas as pessoas.

        Deste modo as pessoas precisam ser estimuladas, motivadas e ter a oportunidade para reivindicar os seus direitos. Cumprir com as suas obrigações, preparando-se deste modo para atuar como cidadãos ativos, capazes de ajudar a melhorar a sociedade de forma justa e equilibrada.    

 

        Nesta perspectiva a escola precisa organizar-se de modo diferente, fazer parceria com as famílias e a comunidade. Organizar ambientes educacionais que instiguem a participação para desenvolver a capacidade perceptivo-cognitiva, reflexiva em todas as áreas do saber. O ambiente escolar tradicional precisa ser melhorado pois não oferece condições às mediações simbólicas com o meio físico e social para todos, não exercita ou provoca a capacidade representativa (DAMAZIO, FERREIRA, 2010). Compromete o pensar dos alunos, a linguagem, os sentidos das pessoas surdas e outras.

                   Concorda-se com Damazio e Ferreira (2010) que o Atendimento Educacional Especializado precisa ser em redes interligadas, sem hierarquização de conteúdos, sem dicotomizações, sem reducionismos, com ações e atividades pedagógicas conectadas pelo pensar e o fazer pedagógico. Sejam estas presenciais ou virtuais de modo que todos consigam aprender. 

        Assim, se faz necessário exercitar o pensamento e a memória para aprender a fazer e exercer com competência uma atividade profissional no mundo do trabalho. Contemporaneamente os avanços tecnológicos modificam as empresas e as relações de trabalho, exigem outras habilidades e competências dos alunos. Para atender esta demanda os professores devem qualificar-se, ser criativos e aprender a lidar com a tecnologia fundamental no processo de ensino aprendizagem que exige novas formas de se educar.

         Para melhorar a educação, a UNESCO lançou um Marco de competencias de los docentes en materia de TIC. Gradativamente as tarefas físicas são substituídas pelas virtuais no intuito de eliminar o papel e o lápis para prevenir o desmatamento, preservar a natureza e o meio ambiente.

        Nesta perspectiva ter consciência da complexidade torna-se fundamental para viver e conviver de forma saudável pois neste contexto se acolhem seres racionais e não tão racionais, “Homo sapiens sapiens demens”, para isso requer um ser humano dialógico (MORIN, 2001) capaz de participar do sistema democrático com acessibilidade há informações relevantes, de modo que todos consigam construir conhecimento se emponderando deles.

        Portanto, aprender apenas a língua de sinais ou o braile não garante uma aprendizagem significativa. Estas pessoas precisam ser respeitadas nas suas limitações e valorizadas nas potencialidades para obter sucesso. .Deste modo o ambiente inclusivo volta-se ao aprender a aprender novos saberes (MORIN, 2001) favorecendo a mediação do professor e assim o aluno transformará as informações em conhecimentos (CAPDET, 2012).

                     Acredita-se que a transformação da escola passa pela melhoria nas práticas pedagógicas inclusivas quando se dispõe a acolher a todos, pelo aprimoramento dos métodos, das técnicas e ferramentas tecnológicas voltadas a escola do futuro. Uma educação que será significativa e a ação pedagógica não ficará restrita ao conhecimento, mas se dará pela ação reflexão.

Considerações Finais

 

 

        O mundo vem se modificando ao longo dos tempos pela educação e pela tecnologia, pela ação reflexão, de modo que as pessoas possam humanizar-se por meio do saber. Neste sentido torna-se necessário qualificar professores para trabalhar na perspectiva inclusiva, acolhendo a todos. De modo que se disponham a aprender a aprender e fazer para lidar com a diversidade, combinar fatores com iniciativa e consigam trabalhar em equipe porque as formas de ganhar a vida vem se tornando variadas e possíveis.

       Neste sentido oportunizar aos alunos uma educação de qualidade que os instigue a aprender concomitantemente em todos os ambientes sejam presenciais ou virtuais. Assim, cabe aos professores descobrir como ensiná-los a aprender melhor de modo que possam modificar o seu comportamento e ter uma participação social mais efetiva nas decisões futuras, melhorando as condições socioeconômicas no país e no mundo com as suas ideias. De modo que se consiga organizar sociedades mais justas igualitárias e felizes.

       O mundo é globalizado e precisamos instiga-los a pensar. Na minha escola além dos conteúdos triviais, trabalha-se com a Educação Fiscal e a Educação para o Trânsito, de modo que gradativamente consigam lidar com as questões da vida e da convivência de forma mais saudável. Portanto incentivar a criatividade, respeitar as potencialidades e as necessidades individuais contribui para um desenvolvimento pessoal de forma intra e interpessoal. 

        Conclui-se que os professores precisam preparar-se para a escola do futuro seguindo a orientação dos princípios educacionais. A escola e as instituições formadoras devem favorecer capacitação aos professores, seja presencial ou virtual. Incentivar motivar e oportunizar a todos que aprendam a viver e a conviver juntos. Exercitando o seu papel no desenvolvimento de conceitos e opiniões para transformar a sociedade. Aproximando as partes, valorizando as diferenças para favorecer uma cultura inclusiva e colaborativa. Portanto, cabe há educação iniciar seus alunos nesta tarefa de modo que consigam resolver problemas e ajudem a construir uma cultura de paz global.

 

 

 

 

 

 

Referencias

 

CAPDET, D. .Aprendizaje Formal e Informal, a cargo de DolorsCapdet. Disponível:https://sas.elluminate.com/site/external/jwsdetect/playback.jnlp?psid=2012-01-11.0852.M.62DFC23DE29EA633E32D1BB63E1D05.vcr&sid=2010449acesso 11 de janeiro 2012.

 

COMPETENCIA EM TIC PARA DOCENTES. ONU, PARIS, SP UNESCO, 2008. Disponível em: http://www.portaleducativo.hn/pdf/Normas_UNESCO_sobre_Competencias_en_TIC_para_Docentes.pdf Acesso 2/03/2014.

 

DAMÀZIO, M F. M.; FERREIRA, J. Atendimento Educacional Especializado em Construção – Curso AEE, UFC, 2014.

 

DELORS, J. Educação um tesouro a descobrir. Cortez, SP, 1998.

 

FERNANDEZ, J. Estratégia Europa 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZfZqNtTijvM   acesso10/03/2014.

 

MARCHESI, A; BLANCO, R.; HERNANDEZ,  L. Avances y desafios de la educación inclusiva en Iberoamérica. OEI, 2014. Disponível em: http://www.oei.es/publicaciones/Metas_inclusiva.pdf acesso 12 março 2014.

 

MÉTODOS Y HERRAMIENTAS BÁSICAS PARA ENSEÑAREN LA ESCUELA DEL FUTURO. MOOC. RedDOLAC Disponível em: elearning.thegraal.net/login/index.php  acesso 15/03/2014.

 

MORIN, E. Introdução ao Pensamento Complexo. 3 ed. Lisboa:Piaget. 2001.

_________ Os Sete saberes necessários à educação do futuro. 2001.

REIS, A. Nuevo Modelo ID como enseñar. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=E_DMwGoyC6s acesso 28/02/2014.

 

 

https://docs.google.com/document/d/1aU4IjDjvKPM5d2B5eo8aa5vHsuKkM7emdS9xef7RTCY/edit?usp=sharing

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[1] Lisete Maria Massulini é Dr. Em Ciências da Educação. Atua como Educadora Especial no sistema estadual e municipal de ensino na Cidade de Santa Maria, RS onde desenvolve projetos que visam à inclusão escolar e social dos alunos na diversidade. Acadêmica no Curso de Direito na FADISMA – Faculdade de Direito na Cidade de Santa Maria, RS, Brasil, 2014.
http://www.aee2010.ufc.br/aee/cursos/aplic/index.php?cod_curso=198